Melhor do que ter um astro na TV brasileira como protagonista de um comercial é ter uma celebridade internacional. O comediante Woody Allen teve um papel fundamental no sucesso do comercial do Edifício Beverly Hills, recentemente lançado no Rio de Janeiro - quatro dias depois que o anúncio foi veiculado pelos jornais e tvs cariocas, os 120 apartamentos já tinham sido vendidos. Na TV, Allen foi entrevistado pela repórter Sandra Passarinho, ex-Globo, no centro de Nova Iorque. E fez uma apologia da vida longe da neurose das grandes cidades.
Woody Allen odeia Beverly Hills e toda a Califórnia, sentimento claramente expresso no seu filme Manhattan, hino de amor a Nova Iorque. Na verdade, a imagem que foi ao ar era a do canadense Richard Nickle, um sósia perfeito de Allen. Rogerio Steinberg, diretor da agência Propaganda Estrutural, produtora do anúncio, contratou-o por intermédio da Avant Garde Produções, que representa no Brasil a firma americana Like-a-Celebrity, especializada no agenciamento de sósias.
«Novas atrações no horário dos comerciais» Coluna Publicidade
Revista ISTO É, 10 de junho de 1981.
Nunca tinha feito publicidade. Estava em Londres trabalhando como free lancer, quando surgiu a idéia de Rogerio: fazer lançamento imobiliário usando um sósia de Woody Allen entrevistado por mim. Ele me mostrou o script e achei interessante, muito arrojado para o Brasil, seria uma oportunidade de ter uma experiência nova, e uma oportunidade muito bem paga. Resolvi aceitar. O comercial foi gravado em Nova Iorque. Rogerio se mostrando muito competente, muito sério, muito trabalhador, a gente sentia empenho nele. Passou um tempo e Rogerio resolveu fazer um outro comercial, desta vez usando o Vincent Price. O próprio. Nessa segunda vez eu precisei de ser convencida pelo Rogerio a aceitar e foi a última vez. Não aceitei depois um convite para um terceiro comercial, se dependesse dele acabava garota-propaganda. Nós fomos gravar em Boston e o filme foi pós-produzido - revelação, montagem, sonorização, etc. - e m Nova Iorque. Rogerio teve uma sorte incrível. O Vincent Price estava gravando uma série de aberturas para programas de suspense. O canal de televisão local já tinha o estúdio todo pronto, um castelo com os adereços completos de suspense. E Rogerio conseguiu que a televisão cedesse a ele para um dia de gravações. Era um estúdio que eu só conhecia de visita à. BBC, uma coisa fantástica. Esses dois comerciais foram uma experiência para mim, um momento de carreira. Trabalhar com Rogerio foi ótimo, um barato, ele era muito envolvido, muito detalhista e, até, muito angustiado. Queria fazer sempre o melhor e estava sempre preocupado com isso.»
SANDRA P ASSARINHO
Repórter